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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi
experiência da 2ª Guerra Mundial e a entrada na Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN), que vão levar à conceção de uma política de defesa
nacional e de estratégia militar nela integrada, e ao papel que em ambas
incumbia ao já existente serviço militar universal geral.
Este texto combina uma investigação histórica, alicerçada em fontes e
outros documentos coevos, que como refere Saul Friedlander, permite criar
uma trama, baseado numa interpretação da realidade do período em causa, e
que procura olhar para os protagonistas tal qual eles olhavam para o mundo
em que viviam e agiam em conformidade com o que essa ótica lhes dizia, com
uma fundamentação teórica baseada na disciplina ou saber da estratégia, que
permita ao estudioso ter um conhecimento abrangente e fundamentado do
que são as questões políticas e estratégicas relacionadas com a segurança, a
defesa nacional e a guerra. Cabe ao saber estratégico dar as ferramentas para
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entrar na mente da realidade belígera e militar, fornecendo ao investigador
os instrumento com que interpretar de um ponto de vista, não só militar, mas
estratégico e político, as ações e as ideias dos agentes estratégicos coevos,
os seus limites e constrangimentos, assim com o as suas virtualidades e
potencialidades. Como observa John Lewis Gaddis, seguindo Henry Kissinger,
a ação dos agentes políticos e estratégicos, em qualquer momento da história,
depende do capital de conhecimentos que adquiriam ao longo da vida e que
podem aplicar para solucionar, neste particular caso, questões estratégicas,
militares e bélicas. É precisamente por aqui que o texto começa a prospetiva
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de guerra e o planeamento de forças. 8
1. Prospetiva de guerra e Planeamento de Forças
A reforma do Exército deveria basear-se na universalização do serviço
militar, considerando um parecer apresentado em 1924 aos deputados da
nação, expressão da mobilização da nação, tal como sucedera na Grande Guerra,
mas agora sustentado por um quadro orgânico de comando permanente que
6 FRIEDLANDER, Saul – Reflexões sobre o Nazismo. Porto: Sextante Editora, 2017, pp. 138-151.
7 GADDIS, John Lewis – A Grande Estratégia. Lisboa: D. Quixote, 2018, p. 37.
8 A palavra exército, enquanto instituição militar, aparece grafada com maiúscula, e com
minúscula, quando se trata de uma grande unidade militar ou de grandes forças em operações.
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