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SEMINÁRIO GESTÃO DE CARREIRA




               Em termos de condições pessoais, salientam-se essencialmente três gru-
               pos de fatores: (i) o sentido de identidade, isto é, o conjunto de informa-
               ções que a pessoa possui acerca de si própria, com particular destaque
               para o sentido de autoeficácia, os valores de vida, as expectativas, e o grit
               (paixão e empenho na obtenção de objetivos); (ii) o sentido de adaptabili-
               dade, ou seja, o conjunto de competências (controlo, confiança e pronti-
               dão) necessárias para lidar com o ajustamento à transição/decisão; e (iii)
               o apoio familiar nesta decisão, juntamente com uma separação e equilíbrio
               adequados entre os dois papéis de vida – família e trabalho (Jordan et al.,
               2015). Quanto a condições organizacionais, os estudos salientam que aspe-
               tos como a cultura militar, o ambiente de trabalho cooperativo e mutualista,
               o estilo de liderança (mais democrático) do supervisor direto e as oportu-
               nidades de liderança disponíveis, a perceção de justiça na organização, a
               autonomia e responsabilidade concedidas, o desafio proposto e o sucesso
               objetivo (e.g., salário e promoções) são fatores a considerar aquando da de-
               cisão de se juntar e, posteriormente, de se manter na vida militar (Alarcon,
               Lyons & Tartaglia, 2010; Dichter & True, 2015; Sanchez et al., 2009; Zangaro
               & Kelley, 2010).
                 Como consequências de a organização proporcionar aos seus militares
               modelos, processos e estratégias de gestão de carreira que consideram as
               variáveis anteriormente referidas, as pessoas apresentam maior desejo de
               se ligarem e permanecerem na instituição, maior envolvimento no trabalho
               (níveis mais elevados de vigor, dedicação e absorção) e maior compromisso
               para com a organização (nomeadamente em termos afetivos). Além disso,
               por sentirem que a organização também aposta em si, estão também mais
               confiantes nas suas próprias capacidades e têm menor probabilidade de
               experienciar reações de luto e sentimentos de perda de identidade (pessoal
               e profissional) aquando do término da carreira militar (e.g., Thompson et al.,
               2016; Brand, 2015; Robertson & Brott, 2014).
                 Em suma, a gestão de percursos de carreira suscita um conjunto de re-
               flexões pessoais sobre os sucessivos episódios de carreira, respetivos de-
               terminantes pessoais, organizacionais e situacionais, oportunidades e sig-
               nificados.  Com  efeito,  a  interação  entre  os  objetivos  pessoais  de  carreira
               e as oportunidades de os implementar que vão emergindo nos contextos
               configuram perfis profissionais com características próprias e um nível de
               consolidação e competência técnica e de envolvimento social e institucio-
               nal, que vão gerando expectativas de transição para etapas mais avançadas
               de desenvolvimento de carreira, mesmo em organizações que parecem se-
               guir uma estrutura mais formal, linear e previsível, como é o caso das mili-






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