Page 18 - recrutamento
P. 18
RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi
A Revolução Francesa desencadeou uma resposta militar coletiva de boa
parte das monarquias europeias, que se traduziu, para Portugal, na participação
na campanha do Rossilhão (1793-1795). Seguiu-se a invasão e Portugal de
1801, conhecida por Guerra das Laranjas e, em 1807, a invasão de Junot, que
desmobilizou completamente o Exército, tendo enviado os melhores quadros
e tropas para o serviço de Napoleão, numa unidade designada por Legião
Portuguesa. A formidável reabilitação do Exército – transformando em anglo-
-luso – e a edificação de uma instituição que, entre 1809 e 1814 combateu
eficazmente os franceses, na Guerra Peninsular, remetendo-os para norte dos
Pirenéus, deveu-se essencialmente a Forjaz, Beresford e Wellington.
A derrota de Napoleão em Waterloo não significou o fim da disseminação
das ideias da revolução Francesa em Portugal; muito pelo contrário. A convulsão
política que se seguiu teve influência direta no Exército, em especial no seu
sistema de recrutamento. Os governos setembristas, na primeira metade do
século XIX, inspirados pelas ideias liberais e pelo exército nacional, oriundos dos
ideais da Revolução Francesa, introduziram importantes mudanças: os efetivos a
incorporar, a forma de distribuição pelas áreas administrativas, o encorajamento
ao serviço voluntário, entre outros. Porém, o objetivo de força a alcançar, cerca
de nove mil homens, nunca seria alcançado. Também a educação militar sofreu
importantes alterações, sendo criadas a Escola Politécnica e a Escola do Exército,
tendo sido também modernizados os currículos da formação dos quadros de
oficiais.
O período anterior a esta reforma foi um período de grande intervenção
militar na vida política, que entraria num período de acalmia com a Regeneração,
em que o desenvolvimento, a economia, a paz e a estabilidade foram os seus
principais objetivos. Com a Regeneração, entra-se também num período de
nova prioridade para o Exército: a necessidade de ocupar e impor a soberania
em território Africano, especialmente em Angola e em Moçambique. O império,
muito mais sonhado do que real, servia os propósitos ideológicos da Monarquia
através dos estribilhos “missão histórica”, “destino nacional” e “direitos
históricos”, que serviram para regular as disputas coloniais até ao último quartel
do século XIX. Porém, as disputas entre as principais potências europeias e a
tradicional debilidade financeira do país, elevaram o nível de ameaça sobre
o território africano, que, durante a Grande Guerra, iria muito para além das
contendas com os nativos. O sistema de recrutamento manteve-se praticamente
inalterado. O serviço militar continuava a não ser pago e com duração de cinco
6