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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi
Sustentação e mobilização
Nesta lei não existiram alterações significativas, à exceção do tempo de
serviço na segunda reserva que passou para cinco anos.
1895 – Remissões: a teoria condena, a prática aconselha
Um novo Regulamento dos Serviços de Recrutamento dos exércitos
de terra e mar surge no final de 1895, a 26 de dezembro . Este regulamento
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apareceu quando Pimentel Pinto , o então ministro da guerra, tinha 34 meses
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de mandato, uma raridade para aquela época . A nova abordagem a este
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regulamento é explicada numa longa nota do conselho de ministros para a
proposta de um projeto de decreto para a lei de recrutamento .
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É interessante retermo-nos um pouco e compreender as justificações para
esta nova lei. Neste projeto é assumido o impacto da evolução tecnológica do
armamento como uma das causas para a mudança: porque as armas portáteis
que eram de simples manejo foram substituídas por outras de maquinismo
muito perfeito, o mesmo passando-se com a delicadeza do maquinismo das
peças da artilharia, razões pela qual o soldado precisava agora de raciocinar
para juntar utilmente os seus esforços aos seus camaradas para poder, “sob
a direção e comando dos chefes, contribuir para o fim principal de todas as
operações militares” .
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Universalidade
Nesta lei o serviço militar continua a ser obrigatório, mas agora assumia-
-se claramente a possibilidade da substituição entre irmãos, a troca de
números entre mancebos apurados para o serviço militar no mesmo concelho
e do mesmo contingente, e a remissão do serviço ativo e da primeira reserva.
Na explicação para a manutenção das remissões é interessante constatar que
OE nº21 de 1895, pp. 667-777.
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22 General do Exército Português (1843-1913). Foi conselheiro do rei e de Estado. Foi comandante
da Escola do Exército e ministro da guerra por três ocasiões (1893-96; 1900-04 e 1906).
Politicamente estava ligado ao Partido Regenerador.
Perfez um total de 38 meses. Dos seis ministros da guerra entre novembro de 1889 e abril de
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1896 a média foi de 16 meses (elaborado com base no Almanach do Exército, 1897, p.36).
OE nº17 de 1895, pp. 624-628.
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25 OE nº17 de 1895, p. 625.
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