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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi

            A  junta,  que  só  podia  funcionar  validamente  com  todos  os  seus  membros,
            iniciava o seu trabalho a 01 de julho e continuava durante todos os dias uteis
            até terminar a inspeção de todos os mancebos que se lhe apresentassem com
            guia. A junta procedia à inspeção sanitária resolvendo sobre as incapacidades
            que por lesão ou falta de altura aparecessem. Era suposto na inspeção sanitária
            estar presente o pároco para informar sobre a identidade dos inspecionados.
            Terminada  a  inspeção  sanitária  de  cada  concelho  a  junta  remetia  para  a
            respetiva  comissão  de  recrutamento  a  relação  de  todos  os  recenseados
            apresentados indicando para cada um se era isento ou apurado.
                  Competia  às  comissões  de  recrutamento  organizarem  as  listas  dos
            mancebos  a  sortear  que  eram  compostas  por  todos  os  recenseados,  não
            adiados nem dispensados, que tivessem sido julgados como aptos e todos os
            que estando recenseados não se tivessem apresentado à inspeção. O sorteio
            ocorria  na  primeira  quinta-feira  do  mês  de  novembro  pelas  nove  horas  da
            manhã e era feito por freguesias ou grupos de freguesias em sessão pública.
            Era anunciado com pelo menos oito dias de antecipação por todos os meios
            disponíveis, incluindo por aviso do pároco na ocasião da missa conventual.
            Havia dois sorteios, um para a Marinha e outro para o Exército. Diante de toda
            a assembleia eram lançados para uma urna papéis numerados em número
            igual  aos  mancebos  apurados  para  o  exército  e  para  a  armada  por  cada
            freguesia. Por ordem da lista dos mancebos eram chamados individualmente
            para retirarem um número que era lido alto pelo presidente da comissão e
            registado pelo secretário no livro do recenseamento. Quando o mancebo não
            respondia nem havia ninguém que o representasse o respetivo número era
            extraído por um menor de dez anos. O sorteio continuava nos dias seguintes,
            sem nunca ocorrer depois do sol-posto.
                  O contingente efetivo do Exército era preenchido pelos mancebos cujo
            número  ia  do  um  ao  último  requerido  para  o  contingente.  Para  a  segunda
            reserva iam os mancebos cujo número era o primeiro a seguir ao último do
            contingente do Exército. Era exarada uma ata sobre o ato do sorteio com a
            relação geral de todos os mancebos sorteados. Logo no domingo imediato ao
            sorteio as listas dos contingentes eram afixadas, por freguesia, nas portas das
            respetivas igrejas e publicadas nos periódicos da localidade que os tivesse.
            A cópia autenticada do livro de recenseamento dividida pelos três destinos
            – Exército, Marinha e Reserva – era mandada pela comissão para o governo
            civil até 30 de novembro. E até ao dia em que eram afixadas as listas dos

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