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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi

            a cavalaria pretendia basicamente equipar-se com 5000 novas carabinas, 249
            metralhadoras  pesadas  e  ligeiras  e  16  autometralhadoras,  mais  um  veículo
            TSF.  Quanto à artilharia, pretendia adquirir cerca de 120 bocas-de-fogo de
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            campanha, onde se incluiriam também quatro torres couraçadas de 305,5 mm
            para a defesa do porto de Lisboa.  No entanto, face as exigências de contenção
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            financeira,  e  considerando  tão  só  a  necessidade  de  instrução,  a  Arma  de
            Artilharia  contentar-se-ia  com  a  reparação  e  melhoramento  das  bocas-de-
            -fogo existentes, peças de 7,5cm M/917 e M/904 e peças de montanha de
            7cm MTR.  O interessante, é que mesmo considerando a opção mais alargada,
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            o armamento a adquirir não assegurava o rearmamento de uma larga força
            mobilizada, mas era isso precisamente que pediam os planos gerais de defesa
            efetuados pelo Estado-Maior do Exército.
                  Em 1933, o General Tasso de Miranda Cabral, o chefe da 2ª Repartição
            do Estado-Maior General, apresentava um “plano geral de defesa do país”. Este
            seguia em boa parte a estrutura dos trabalhos de Tasso enquanto professor
            da Escola Central de Oficiais, explanados para o público nas Conferências de
            Estratégia. O plano de defesa devia considerar Portugal como espaço uno e
            indivisível, e ser composto por três planos parciais, o plano de defesa terrestre,
            o plano de defesa aérea e o plano de defesa marítima.  Como seria de esperar,
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            Tasso só escreve sobre a defesa terrestre e a aérea. Assim, exige ao governo
            que crie uma forte aviação, em número e qualidade que possa pelo menos
            neutralizar a do nosso inimigo mais provável (o que quer dizer Espanha, mas
            o  texto  nunca  o  explicita,  nem  a  maioria  dos  planos  militares  portugueses
            nessa época).  E por aqui se fica sobre a aviação. Muito mais desenvolvido é o
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            tema da organização e estruturação da defesa terrestre. A antiga doutrina de
            defesa concentrada é posta de parte. É substituída (a palavra é do texto) pela
            “moderna” doutrina da defesa avançada, adotando-se a defensiva de posição,
            como a melhor modalidade de defesa estratégica, visando quebrar o élan do
            invasor logo na fronteira e permitir lançar a contraofensiva.


               Idem, ibidem, p. 66.
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            34  Idem, relatório da artilharia, documento Nº 7, p. 76.
            35  Idem, ibidem, relatório da artilharia, documento Nº 8, p. 80.
            36  AHM – Fundo Tasso de Miranda Cabral, 26ª Divisão, 4ª Secção, Caixa 331, Nº 76. O texto não
            contém paginação, nem fólios dos arquivadores. Os elementos correspondem aos pontos 2 e 3 do
            texto.
            37  Idem, ponto 4.
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