Page 428 - recrutamento
P. 428
RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi
a cavalaria pretendia basicamente equipar-se com 5000 novas carabinas, 249
metralhadoras pesadas e ligeiras e 16 autometralhadoras, mais um veículo
TSF. Quanto à artilharia, pretendia adquirir cerca de 120 bocas-de-fogo de
33
campanha, onde se incluiriam também quatro torres couraçadas de 305,5 mm
para a defesa do porto de Lisboa. No entanto, face as exigências de contenção
34
financeira, e considerando tão só a necessidade de instrução, a Arma de
Artilharia contentar-se-ia com a reparação e melhoramento das bocas-de-
-fogo existentes, peças de 7,5cm M/917 e M/904 e peças de montanha de
7cm MTR. O interessante, é que mesmo considerando a opção mais alargada,
35
o armamento a adquirir não assegurava o rearmamento de uma larga força
mobilizada, mas era isso precisamente que pediam os planos gerais de defesa
efetuados pelo Estado-Maior do Exército.
Em 1933, o General Tasso de Miranda Cabral, o chefe da 2ª Repartição
do Estado-Maior General, apresentava um “plano geral de defesa do país”. Este
seguia em boa parte a estrutura dos trabalhos de Tasso enquanto professor
da Escola Central de Oficiais, explanados para o público nas Conferências de
Estratégia. O plano de defesa devia considerar Portugal como espaço uno e
indivisível, e ser composto por três planos parciais, o plano de defesa terrestre,
o plano de defesa aérea e o plano de defesa marítima. Como seria de esperar,
36
Tasso só escreve sobre a defesa terrestre e a aérea. Assim, exige ao governo
que crie uma forte aviação, em número e qualidade que possa pelo menos
neutralizar a do nosso inimigo mais provável (o que quer dizer Espanha, mas
o texto nunca o explicita, nem a maioria dos planos militares portugueses
nessa época). E por aqui se fica sobre a aviação. Muito mais desenvolvido é o
37
tema da organização e estruturação da defesa terrestre. A antiga doutrina de
defesa concentrada é posta de parte. É substituída (a palavra é do texto) pela
“moderna” doutrina da defesa avançada, adotando-se a defensiva de posição,
como a melhor modalidade de defesa estratégica, visando quebrar o élan do
invasor logo na fronteira e permitir lançar a contraofensiva.
Idem, ibidem, p. 66.
33
34 Idem, relatório da artilharia, documento Nº 7, p. 76.
35 Idem, ibidem, relatório da artilharia, documento Nº 8, p. 80.
36 AHM – Fundo Tasso de Miranda Cabral, 26ª Divisão, 4ª Secção, Caixa 331, Nº 76. O texto não
contém paginação, nem fólios dos arquivadores. Os elementos correspondem aos pontos 2 e 3 do
texto.
37 Idem, ponto 4.
416