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11. Nação e Mobilização – Estratégia e Recrutamento na Era Salazar (1933-1959)

               noturna  (225  aviões),  cinco  esquadrilhas  de  caça  diurna  (90  aviões)  e  duas
               esquadrilhas antissubmarinas (24 aparelhos). Santos Costa afirmava que sendo
               fornecidos os blindados pedidos, as forças de campanha estariam operacionais
               em  1952,  estando  aprontadas  mais  três  divisões  em  1954.   Na  prática,  e
                                                                       98
               considerando que Santos Costa manteria as 3 divisões territoriais, significava
               que Portugal deveria mobilizar pelo menos oito divisões em 1954.
                     Na Conferência de Otawa, Portugal pôs à disposição da OTAN duas divisões
               de campanha. Assegurava ainda a existência de três divisões territoriais e de
               outras forças de defesa local e de defesa antiaérea. No total eram consignadas
               cerca de 68 baterias de defesa antiaérea no continente e de 16 baterias antiaéreas
               nos Açores. A primeira das divisões de campanha deveria estar aprontada no
               verão de 1954. Pretendia-se além disso pôr em condições operacionais cerca de
               315 aviões de combate, 18 esquadrilhas de combate para a defesa do espaço
               aéreo metropolitano e dos Açores. Não deixa de ser sintomático do pensamento
               anteriormente referido que a última parte do texto seja dedicado ao potencial
               humano e que as contabilizações aí inscritas sejam simples e não tenham em
               conta toda a complexa dinâmica de instrução, preparação e manutenção que
               exige  o  pessoal  de  um  exército  tecnológico-mecanizado.  Assim  afirmava  o
               documento,  tendo-se  anualmente  instruído  30.000  a  35.000  homens,  as  25
               classes já instruídas dão um potencial mobilizável de 600.000 efetivos, exigindo-
               -se, no entanto, a revisão da instrução para os indivíduos com mais de 30 anos,
               só se podendo contar com estes operacionalmente uns três meses depois de
               chamados às fileiras. É certo que, reconhece o texto, dada a fraca instrução da
               população portuguesa faltam quadros para o comando, pelo que consideradas
               as  disponibilidades  se  quedaria  pelos  300.000  homens  a  força  a  mobilizar
               efetivamente. 99
                      Ou seja, apesar de se ter diminuído o número de divisões a alcançar na
               organização das forças, a tradicional lógica demográfica presidiu à constituição
               do  modelo  de  mobilização.  As  unidades  a  constituir  são  consignadas  a  uma
               simples equação. A quantidade de efetivos mobilizáveis pelo número de divisões
               possíveis, procurando-se em seguida completar o equipamento das unidades


               98 ANTT – AOS/CO/PC 44, Pasta 43, f. 41, ponto IV do documento, p. 10. Documento dactilografado
               intitulado Esforço Militar de Portugal.
               99  ANTT  –  AOS/CO/NE  17,  pasta  2,  Documento  denominado,  Esforço  de  Defesa,  Relatório,
               Apresentado à Conferência de Otawa, datado de 7 de setembro de 1951 e assinado por Santos
               Costa, ff. 3-21.
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