Page 449 - recrutamento
P. 449
11. Nação e Mobilização – Estratégia e Recrutamento na Era Salazar (1933-1959)
noturna (225 aviões), cinco esquadrilhas de caça diurna (90 aviões) e duas
esquadrilhas antissubmarinas (24 aparelhos). Santos Costa afirmava que sendo
fornecidos os blindados pedidos, as forças de campanha estariam operacionais
em 1952, estando aprontadas mais três divisões em 1954. Na prática, e
98
considerando que Santos Costa manteria as 3 divisões territoriais, significava
que Portugal deveria mobilizar pelo menos oito divisões em 1954.
Na Conferência de Otawa, Portugal pôs à disposição da OTAN duas divisões
de campanha. Assegurava ainda a existência de três divisões territoriais e de
outras forças de defesa local e de defesa antiaérea. No total eram consignadas
cerca de 68 baterias de defesa antiaérea no continente e de 16 baterias antiaéreas
nos Açores. A primeira das divisões de campanha deveria estar aprontada no
verão de 1954. Pretendia-se além disso pôr em condições operacionais cerca de
315 aviões de combate, 18 esquadrilhas de combate para a defesa do espaço
aéreo metropolitano e dos Açores. Não deixa de ser sintomático do pensamento
anteriormente referido que a última parte do texto seja dedicado ao potencial
humano e que as contabilizações aí inscritas sejam simples e não tenham em
conta toda a complexa dinâmica de instrução, preparação e manutenção que
exige o pessoal de um exército tecnológico-mecanizado. Assim afirmava o
documento, tendo-se anualmente instruído 30.000 a 35.000 homens, as 25
classes já instruídas dão um potencial mobilizável de 600.000 efetivos, exigindo-
-se, no entanto, a revisão da instrução para os indivíduos com mais de 30 anos,
só se podendo contar com estes operacionalmente uns três meses depois de
chamados às fileiras. É certo que, reconhece o texto, dada a fraca instrução da
população portuguesa faltam quadros para o comando, pelo que consideradas
as disponibilidades se quedaria pelos 300.000 homens a força a mobilizar
efetivamente. 99
Ou seja, apesar de se ter diminuído o número de divisões a alcançar na
organização das forças, a tradicional lógica demográfica presidiu à constituição
do modelo de mobilização. As unidades a constituir são consignadas a uma
simples equação. A quantidade de efetivos mobilizáveis pelo número de divisões
possíveis, procurando-se em seguida completar o equipamento das unidades
98 ANTT – AOS/CO/PC 44, Pasta 43, f. 41, ponto IV do documento, p. 10. Documento dactilografado
intitulado Esforço Militar de Portugal.
99 ANTT – AOS/CO/NE 17, pasta 2, Documento denominado, Esforço de Defesa, Relatório,
Apresentado à Conferência de Otawa, datado de 7 de setembro de 1951 e assinado por Santos
Costa, ff. 3-21.
437