Page 451 - recrutamento
P. 451

11. Nação e Mobilização – Estratégia e Recrutamento na Era Salazar (1933-1959)

               para o segundo as unidades territoriais (três divisões com o material existente). 103
                     De facto, já em março de 1951, se referira a necessidade e o interesse
               em adotar para a atual organização e composição das forças militares terrestres
               portuguesas o modelo dominante na OTAN, isto é, as grandes unidades lusas
               seriam similares na sua estrutura às divisões de infantaria dos EUA. As unidades
               territoriais  seriam  por  seu  turno,  de  equipamento  e  modelo  mais  ligeiro.
               Pretendia-se que estas unidades estivessem prontas em finais de 1952. 104
                     De acordo com as resoluções tomadas na reunião do Conselho do Atlântico
               em Lisboa, foi assumida a responsabilidade lusa de pôr em pé de guerra até 1954
               as seguintes unidades: três divisões de campanha a fornecer à OTAN em 1953
               e quatro em 1954, mais dois corpos de exército nesse mesmo ano; 1 divisão
               territorial em 1952, três em 1953 e quatro em 1954 além de uma hoste de
               destacamentos de segurança interna e de defesa antiaérea.  A força a fornecer
                                                                    105
               teria sido posteriormente objeto de ponderação, pelo que outro documento,
               apresentado em 1954, considerava as unidades militares a adjudicar da seguinte
               maneira. Partir de uma para duas divisões, concomitantemente com a criação
               de um corpo de exército (em 1954 e depois em 1955) e por fim a possibilidade
               de criar uma terceira divisão (?) (em 1956). Um quadro mais elaborado indicava
               que a primeira divisão estaria 75% operacional em 1953, 100% operacional em
               1954,  dotada  igualmente  com  elementos  de  apoio,  ao  passo  que  a  segunda
               divisão estaria a 40% ou 50 %. Em 1955, a segunda divisão já estaria a 75%,
               mantendo-se a primeira a 100% de prontidão, e em 1956 estariam as duas a
               100%, com os elementos não endivisionados a 50% (não sendo feitas referências
               à terceira divisão).   É provável que a decisão de tão só fornecer duas divisões
                                106

               103
                  MACEDO, 1988, p. 38 e seguintes. Veja-se também AHM – Índice Provisório, Classificador-
               -Geral, F 1 C, Núcleo 124, Caixa 246, documento sem assinatura, mas pelo texto, datado de 1953.
               Igualmente, ANTT – AOS/GR-10, Pasta 16, ff. 565-566, Documento emanado do Ministério do
               Exército, Gabinete do Ministro, sem data, mas apenso a um conjunto de documentos referidos
               a 1953.
               104  AHM – Índice Provisório, Classificador-Geral, F 1 C, Núcleo 124, Caixa 254, Documento não
               assinado datado de 15 de março de 1951.
               105  ANTT – AOS/CO/PC – 78M, Pasta 1, Nº 1, Documento intitulado Responsabilidades Portuguesas
               Dentro  e Fora  da  NATO  Depois  da  Reunião  do  Conselho  do  Atlântico  em Lisboa,  fevereiro  de
               1952, f. 12. Quadro anexo ao documento. Observe-se que as forças a criar em Portugal teriam
               sido consideravelmente acrescidas face à proposta advinda da Conferência de Otawa. Plausível
               demonstração da vontade de Santos Costa em constituir uma força terrestre o mais vasta possível.
               106  ANTT – AOS/CO/PC – 78M, Pasta 1, documento do Secretariado-Geral da Defesa Nacional,
               Diretiva nº 1, Revisão Anual de 1954, datado de 13 de fevereiro de 1954.
                                                                                  439
   446   447   448   449   450   451   452   453   454   455   456