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RecRutamento no exéRcito PoRtuguês – do condado Portucalense ao século xxi
a não ser que se manifestasse uma ameaça muçulmana . Os peões também se
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encontravam, frequentemente, dispensados do serviço ofensivo, com exceção
da ida em hoste, uma vez que lhes eram requeridos os serviços de vela, guarda,
anúduva e outros mais específicos. Outra categoria que estava dispensada era
a dos almocreves, não só dada a sua qualidade de viajantes, mas também pelo
papel que desempenhavam no abastecimento e na economia .
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4. os Contingentes Disponíveis
A guarda do rei
A guarda do rei ou scola era o pequeno conjunto de guerreiros que
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acompanhava o monarca em permanência e que se manteve sem grandes
alterações ao longo do período estudado. No espaço português surge
claramente identificada nos forais de Coimbra e de Soure, de 1111, referindo-
-se, ainda à scola comitis, ou seja, a “guarda do Conde” . Nela encontramos
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cavaleiros, escudeiros, besteiros e, provavelmente, outros auxiliares, num
coletivo sem constituição fixa, para o qual a generalidade dos autores tem
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interpretado expressões como “comilitones mei” , “meu militum” , “nostris
hominibus” 64 ou “nos militi” , pe rei, c pertença
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àquele grupo .
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58 DS 202 de 1210, dezembro, 28.
59 MONTEIRO, Helena – Estrada da Beira: reconstituição de um traçado medieval. Dissertação
de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Sociais de Humanas da Universidade Nova de
Lisboa. Lisboa: FCSH, 2012, p. 26.
60 BARROCA, 2003, p. 88.
61 Livro Preto da Sé de Coimbra. Ed crítica por Avelino de Jesus da Costa, Leontina Ventura e
Maria Teresa Veloso. Coimbra: 1977-1979, doc. 17 de 1111, maio, 26 e PMH-LC-I, p.357; DR26,
de 1111, junho.
62 De Expugnatione Scallabis, NASCIMENTO, Aires A. – O Júbilo da Vitória: Celebração da Tomada
de Santarém aos Mouros (A.D. 1147). In Actes del X Congrés Internacional de l’Associació Hispànica
de Literatura Medieval, Volum III. Alicante, Institut Interuniversitari de Filologia Valenciana, pp.
1224-1232, 2005, p. 1226.
63 DR 244 de 1153.
64 DS 56 de 1191, setembro ou novembro, 21.
65 DR312 de 1172, julho.
66 Vejam-se as interpretações de MATTOSO, José – Ricos-homens, Infanções e Cavaleiros. A
nobreza medieval portuguesa nos séculos XI e XII Guimar Editor
propósito do relato da conquista de Santarém e de BARROCA, 2003, p. 88.
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