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1. O recrutamento e a mobilização na Reconquista Portuguesa – 1128-1249

                     Quanto  ao  efetivo  da  scola,  os  dados  de  que  dispomos  são  indiretos.
               No tempo de D. Sancho I não devia exceder duas a três dezenas de cavaleiros e
               auxiliares, já que quando, em 1199, o rei se deslocou rapidamente para o ponto
               de junção da hoste de Pinhel, a paróquia de São Salvador (Santa Cruz de Sousa),
               forneceu uma vaca que foi suficiente para alimentar o efetivo que seguia com ele .
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                     Entre os companheiros de D. Afonso Henriques contaram-se cavaleiros de
               segunda e terceira nobreza, filhos segundos de alguns estrangeiros e até cavaleiros-
               -vilãos . Mas também se detetam seu séquito, como aliás, em todos os soberanos,
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               comites, próceres ou maiores palatii . Estes, em número bastante reduzido junto
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               do primeiro rei, tenderam a aumentar até ao reinado de D. Afonso III.
                     Entre  esses  nobres  encontravam-se  os  oficiais  régios  destacando-se,
               no plano das responsabilidades militares, o alferes. Nas Siete Partidas, código
               legislativo  castelhano-leonês,  da  segunda  metade  do  século  XIII,  mas  que
               sabemos que em boa medida espelha práticas vigentes em alturas anteriores
               e  que  teve  divulgação  em  Portugal,  especifica-se  que  lhe  cabia  ser  portador
               do estandarte régio e que entre as suas atribuições estava a de “amparar &
               acrescentar el reyno”,      permit  c    aspet      alfer
               er    verdadeir  comandant    hoste         mer  port
                                                     70
               estandart          gozav    cert  gr    autono    ve
               compe  def    terr      territ        conquist    r
                 Portug  detet    desenc  operaç      r
                 c    pr          c  po  F  Per  Cativo
               alfer    D  Af  Henriques . Também parece ter sido o caso da tomada de
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               Aroche, já que, em 1235, o papa confirmou a posse daquele castelo a Martim
               Peres de Vide, alferes de D. Sancho II .
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               67  PMH-I-I, p.599b. É possível que este dado, das Inquirições de 1258, seja somente um fragmento
               e que, na mesma ocasião, D. Sancho I e a sua guarda tivessem tido acesso a outros víveres. Mas
               também há que considerar que se as populações da região tivessem cedido mais alimento, este
               seria igualmente referido pela testemunha.
               68  MATTOSO, 1985, p. 85.
               69  MATTOSO, José – Identificação de um País: Ensaio sobre as origens de Portugal. 1096-1325. Vol.
               1 - Oposição, 5ª Edição. Lisboa: Estampa, 1995, p. 125.
               70 “Cabdillo mayor” (Partidas, II, Título IX, Lei XVI).
               71  MATTOSO, José – D. Afonso Henriques. Lisboa: Temas e Debates, 2007, p. 155.
               72  MARQUES, Maria Alegria – O papado e Portugal no tempo de D. Afonso III (1245-1279). Tese de
               Doutoramento apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Coimbra: 1990,
               pp. 464-466.
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