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1. O recrutamento e a mobilização na Reconquista Portuguesa – 1128-1249
grupo que eram eleitos os dignitários da hierarquia e os cargos de comando .
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Dispunham de equipamento militar completo e de mais do que uma montada
sendo, cada um, acompanhado por outros homens montados e alguns peões,
constituindo-se, assim, uma pequena unidade tática conhecida como “lança
de cavalaria” .
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Os sergentes ou serventes eram cavaleiros não-capitulares, normalmente
de origem não-nobre, frequentes entre templários, hospitalários e teutónicos
na Terra Santa, mas que só são conhecidos, na Península Ibérica, no seio dos
santiaguistas . Desempenhavam funções que podemos equiparar às dos
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escudeiros leigos em relação aos cavaleiros de quem eram dependentes.
Dispunham de uma só montada e de equipamento militar mais ligeiro, mas
esperava-se que combatessem taticamente do mesmo modo que os freires-
-cavaleiros .
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Também encontramos cavaleiros individuais e mesmo mesnadas leigas
associadas conjuntural e temporariamente a certas ordens militares. Na Ordem
do Templo admitiam-se cavaleiros que se vinculavam à instituição por um
período de um ou dois anos, tempo durante o qual serviam tal como se fossem
freires . Os que, sem entrarem para as ordens, mantinham com elas uma
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relação de dependência espiritual eram designados por confreires, confrades
ou familiares . Mas a agregação às milícias não era só individual, podendo ser
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coletiva. Martim Anes do Vinhal ficou conhecido pela sua ligação à Ordem de
Santiago e pelo modo como participou com a sua mesnada, acompanhando
aqueles freires, em toda a campanha de conquista que, partindo de Aljustrel,
obteve para a Coroa Portuguesa grande parte do Algarve . Este tipo de
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mesnadas não deve ser confundido com companhias de mercenários, realidade
99 JOSSERAND, Phillipe – Un corps d´armée spécialisé au service de la Reconquête: les ordres
militaires dans le royaume de Castille (1252-1369). In Bulletin de La Societé Archéologique et
Historique de Nantes et Loire-Atlantique, Tomo 137. Nantes: Societé Archéologique et Historique,
pp. 193-214, 2002, p. 201 e 204.
100 AYALA, 2007, pp. 541-559 e RODRIGUEZ-PICAVEA, Enrique – Los Monges Guerreros en los
reinos hispánicos – las órdenes militares en la Península Ibérica durante la Edad Media. Madrid, La
Esfera de los Libros, 2008, p. 123-145.
101 AYALA, 2007, p. 172.
102 Regra dos Templários. Ed. J.M. Upton-Ward. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2006, pp.169-173.
103 RODRÍGUEZ-PICAVEA, 2008, p. 126.
104 AYALA, 2014, p. 13.
105 LOPEZ FERNÁNDEZ, M. – Apéndice Documental. In Pelay Pérez Correa: historia y leyenda de
un maestre santiaguista. Badajoz: Diputación Provincial, pp. 561-643, 2010, doc. 42, pp. 633-639.
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