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2. O Recrutamento Militar Entre o Final
                  da Reconquista e as Vésperas de Ceuta (1249-1415)

























                                            besta medieval  84


               carpinteiros, pedreiros, almocreves e reguataaẽs, e 84 tonoeiros e de quaeesquer
               outros meesteres, e sejam casados, e per sy casas manteverem, posto que casados
               nom  sejam,  e  com  tanto  que  nom  sejam  lavradores,  que  continuadamente
               lavrem  com  huma  junta  de  bois” ,  o  que,  formalizava  uma  prática  até  aí
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               corrente . A lista dos besteiros do conto de Guimarães, de 1348, confirma
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               precisamente esta presença massiva de mesteirais entre os membros desta
               milícia. Com efeito, entre os 40 besteiros que compunham o conto daquela
               cidade  minhota  encontram-se  11  sapateiros,  oito  alfaiates,  um  alfaiate  ou
               tosador, dois tosadores, três ourives, um soqueiro e um ferreiro . Porém, esta
                                                                         87
               não  era  uma  tendência  exclusiva  de  Guimarães,  verificando-se  igualmente
               noutras localidades como Lisboa ou Coimbra .
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                     Estes  homens  eram  escolhidos,  certamente  que  através  de  provas  de
               perícia, entre os que haviam sido apurados como aquantiados em besta. Tratar-
               -se-ia, portanto, de indivíduos que não possuíam fortuna suficiente para serem
               integrados  no  grupo  socio-militar  dos  cavaleiros.  No  entanto,  os  privilégios


               84  https://favpng.com/png_view/europe-knight-history-of-crossbows-repeating-crossbow-weap-
               on-bow-and-arrow-png/dQbwJS5H
               85  Ordenações Afonsinas, Vol. 1, Título LXIX, Parágrafo 29, p. 437.
               86  MONTEIRO, 1998, pp. 62-63.
               87  FERREIRA, Maria da Conceição Falcão – Os besteiros do conto de Guimarães na centúria de
               Trezentos. Revista de Ciências Históricas, Vol. 3 (1988), pp. 183-216.
               88  MARTINS, 2014, p. 159.
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