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2. O Recrutamento Militar Entre o Final
da Reconquista e as Vésperas de Ceuta (1249-1415)
Tenha isso sido uma completa inovação ou, como parece fazer mais sentido,
um aumento decorrente do ambiente de guerra que então se vivia, facto é que em
1385, D. João I determinou que a acompanhá-lo deveria estar sempre um corpo de
100 besteiros. Tratar-se-iam, como foi já proposto por João Gouveia Monteiro, dos
atiradores a que as fontes mais tardias se referem como “besteiros da câmara do
rei”, os quais, apesar de não se encontrarem em permanência junto do monarca,
podiam ser rapidamente mobilizados pelo seu comandante, o anadel-mor dos
besteiros da câmara . No entanto, isso não significa que, por finais de Trezentos
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e inícios de Quatrocentos, a guarda régia fosse composta unicamente por forças
de infantaria. Na verdade, a presença de efectivos de cavalaria entre os membros
desse corpo está igualmente documentada para esse período, sabendo-se
inclusivamente que era formada por “vinte cavalleiros, ou escudeiros, (...) armados
de cotas, e barretas, e braçaaes, e lanças, e espadas, pera poderem bem prover em
todo tempo a qualquer caso” . Foram precisamente homens como estes que, no
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dia 14 de Agosto de 1385, integraram a retaguarda do dispositivo táctico português
em Aljubarrota, protegendo o rei, que comandava essa unidade táctica .
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batalha de aljubarrota
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118 MONTEIRO, 1998, pp. 29-31.
119 Ordenações Afonsinas, Vol. I, Tít. LI, Parágrafo 6, p. 287.
120 Crónica de D. João I, Vol. 2, Cap. XXXVII, p. 92.
British Library, Royal 14 E IV f. 204 r. https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Aljubarrota#/
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